Saúde feminina

Setembro traz o alerta para a prevenção dos tumores ginecológicos

A cada ano, mais de 30 mil brasileiras recebem o diagnóstico de tumores no colo do útero, ovário, endométrio, vulva e vagina

Foto: Divulgação - Exames atualizados conforme orientações ginecológica e necessidade de cada paciente, garantem descobrir e tratar de forma mais eficiente as doenças que acometem o aparelho reprodutor feminino

Por Joana Bendjouya

O mês de setembro é também destinado à conscientização do câncer ginecológico. A campanha tem como objetivo alertar as mulheres e equipes médicas para a importância do diagnóstico precoce, além de informar quais são os fatores de risco, sinais e sintomas e incentivar os cuidados constantes e diários com a saúde feminina.

De acordo com o ginecologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Guilherme Lucas de Oliveira Bicca, entre os tipos de câncer ginecológicos mais prevalentes estão o do colo de útero e de ovário, além dos tumores de endométrio, vagina e vulva.

Ele ressalta ainda que a melhor forma de prevenção ainda é manter em dia as consultas com o ginecologista anualmente, fazer o exame Papanicolau e estar com a vacinação contra o HPV atualizada.

O especialista ressalta que apesar de ser silencioso, o câncer ginecológico é um dos mais incidentes em mulheres, mas apresenta grandes chances de sucesso no tratamento quando detectado precocemente. “Os tratamentos irão variar de acordo com o tipo de tumor e estágio em que se encontra. O câncer do endométrio, por exemplo, pode ser tratado com técnicas minimamente invasivas, como cirurgia robótica. Já no câncer de útero, a intervenção cirúrgica continua sendo o tratamento padrão para a doença. É muito importante uma avaliação médica minuciosa. Cada pessoa é única e os casos devem ser acompanhados dessa forma”, orienta Bicca.

Entre os fatores de risco estão a infecção pelo HPV, tabagismo e histórico familiar da doença. Para que ocorra a prevenção e o diagnóstico precoce, são indicadas algumas medidas como preventivas. Sendo a vacinação contra o HPV e o exame Papanicolau as duas principais medidas. “O ideal é que a vacinação ocorra preferencialmente entre os nove e 14 anos, mas de qualquer forma, em qualquer idade após esta, deve ser realizada. Outro cuidado é o pré-câncer em dia, que é um exame de rotina, e como sabemos que é o HPV que vai causar, lá na frente, o câncer do colo do útero, fazemos o exame preventivo exatamente para detectar possíveis lesões em estágios iniciais, chamadas de precursoras. Essas são duas ações simples, mas que podem salvar vidas”, alerta.

O exame de Papanicolau é um procedimento de rotina que irá avaliar principalmente algumas alterações que acontecem nas células do colo do útero, que podem ser causadas pelo contato com o vírus do HPV, sendo este um dos causadores, no futuro, do câncer do colo do útero. O controle clínico é realizado por meio de consultas periódicas com ginecologista, fundamentais para identificação e avaliação de alguns sinais anormais.

O médico ressalta que o diagnóstico de qualquer um desses tipos de câncer possui um impacto sobre a paciente, com efeitos na saúde mental e física, na sexualidade e até na capacidade reprodutiva, em alguns casos. Nos últimos anos, os tratamentos dessas doenças apresentaram avanços significativos, melhorando o prognóstico e a qualidade de vida das pacientes diagnosticadas. “Precisamos falar mais sobre esses tumores, de todas essas doenças que são do universo feminino, informando as mulheres e as incentivando a serem protagonistas do autocuidado, que tenham atenção à sua saúde neste setembro, mas principalmente durante o ano todo. Os tratamentos estão cada vez mais eficientes nos seus resultados”, reforça.

Câncer de Endométrio
O desenvolvimento desse tumor é mais comum entre as mulheres na pós-menopausa. Os principais sintomas são o aumento do volume abdominal e dores pélvicas persistentes, sendo as chances de cura maiores quando o diagnóstico é feito de forma precoce, através dos exames de rotina.

Câncer de Vulva
Com sintomas bem característicos, o câncer normalmente inclui o surgimento de nódulos de aspecto áspero ou rugoso na superfície da vulva; dor ao urinar; ardência, coceira persistente na genital e sangramento presente fora do período menstrual.

Câncer de Vagina
Nesse caso, os principais sintomas costumam ser sangramento vaginal frequentes ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dores pélvicas.

Câncer de Ovário
Alteração repentina do hábito intestinal e/ou urinário, desconforto na região pélvica, inchaço nas pernas e aumento do volume abdominal são alguns dos sintomas deste tipo de câncer, que merecem atenção e devem ser relatados ao médico assim que notados. O ginecologista alerta que pacientes com histórico desse tipo de câncer na família ou de câncer de mama devem buscar a orientação de um ginecologista além da importância do aconselhamento genético para iniciar os hábitos preventivos. “A identificação dessas variantes genéticas pode permitir que o médico avaliem melhor o risco de câncer tanto no paciente quanto em seus familiares, e assim podem traçar um plano de rastreamento para detecção precoce de outros tumores, assim como, indicar cirurgias preventivas como a retirada dos ovários”.

Câncer de Colo Uterino
Assim como o câncer de vagina, o tumor que se desenvolve no colo uterino também tem sintomas que envolvem sangramento vaginal anormal, após a relação sexual ou após a menopausa. A menstruação mais longa do que de costume, secreção vaginal incomum ou com presença de sangue e dores durante a relação sexual ou na região pélvica costumam ser os principais sinais. Segundo o ginecologista, a infecção pelo vírus HPV e o tabagismo são os principais fatores de risco deste quadro e a melhor forma de promover o diagnóstico precoce é através de consultas regulares e a realização de exames de rotina, como o Papanicolau. “A maioria dos casos de câncer ginecológicos são diagnosticados em estágios mais avançados, o que diminui a chance de cura. Porém, o câncer de colo do útero é evitável e curável quando diagnosticado precocemente e tratado de forma eficaz”, ressalta o ginecologista.

Atenção às alterações do corpo
Estar atento aos sinais de mudança do corpo, além de manter as consultas médicas e exames em dia, é a principal forma de auxiliar no diagnóstico dos tumores ginecológicos de forma precoce, o que beneficia o tratamento e preserva a qualidade de vida. O ginecologista orienta também que alterações como inchaço abdominal, desconforto pélvico, dor nas pernas, alteração do hábito intestinal e/ou urinário e dores após relações sexuais, são sinais e sintomas que indicam que algo pode estar alterado no funcionamento do corpo e que o atendimento médico deve ser procurado. “O diagnóstico é feito nas consultas médicas regulares, exames clínicos, laboratoriais ou de imagens. Em caso de suspeita, a melhor maneira é buscar atendimento médico o mais rápido possível”, orienta Bicca.

E foi justamente esses cuidados com o próprio corpo e a atenção às alterações apresentadas por ele que possibilitaram que Marta Ribeiro Gruppelli,63, percebesse de forma precoce um câncer de endométrio. Ela conta que aos 51 anos já vivenciava a menopausa e quando estava com 59 percebeu sintomas leves da alteração de sua saúde íntima, que a deixaram alerta para buscar um profissional especializado e o tratamento adequado. “Eu lembro que quando ia urinar percebia a presença de um líquido rosado, que não era um sangue vivo, e que como já não ocorria, também não era um sangramento normal de menstruação. O quadro persistiu por uma semana, foi quando consultei com o ginecologista, e no próprio consultório, após coleta de material para análise, o médico me orientou buscar o atendimento de um cirurgião e realizar a retirada de ovários e útero”, relembra.

Quando o diagnóstico de câncer de ovário é estabelecido, o tratamento dependerá do estágio e características da doença e da indicação do médico especialista, sendo a cirurgia a recomendação em muitos dos casos.

Campanha Setembro em Flor
A campanha que marca o mês de conscientização do câncer ginecológico foi criada em 2021, e surgiu, a partir da percepção da classe médica, quanto à carência do conhecimento, por parte da população brasileira sobre os tipos de cânceres que acometem o aparelho reprodutor feminino. Durante as atividades, que ocorrem anualmente em setembro, o foco é conscientizar a população feminina sobre os sintomas e formas de prevenção.

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